Capa Feira da Cara Preta

 

 

III FEIRA DA CARA PRETA
O 20 de setembro é uma data controversa para o movimento negro. Se por um lado representou a possibilidade de construção de uma sociedade livre, por outro, seu desfecho foi concluído pelo conluio que levou ao massacre de Porongos. As comemorações que tomam lugar na Semana Farroupilha exaltam o heroísmo e bravura do povo gaúcho, mas reforçam os mecanismos que insistem em manter no esquecimento a participação da enorme população negra que tomou partido durante o conflito, pegou em armas, foi massacrada e jogada de volta ao sistema escravista sem respeito e dignidade alguma. Há uma fronteira bastante delimitada no que diz respeito a esse tema que privilegia e exalta a imagem do homem branco, tipicamente indumentarizado e identificado com os símbolos do Estado do Rio Grande do Sul. Está claro que o negro não tem espaço nesse cenário imaginário e construído. Ele permanece no lado marginal, lembrado, nesse episódio, apenas como personagem mítico, “O Lanceiro Negro”, e não o real, deixando de lado a discussão sobre sua participação e situação durante o período. Para debater essas questões a III Feira da Cara Preta, encontro das diversas manifestações negras, acontece entre os dias 19 e 22 de setembro, na Bibliotheca Pública Pelotense (BPP).

O que é: “A Feira da Cara Preta” é um projeto que visa à promoção da arte, cultura e demais contribuições afro-brasileiras na formação da região e do Brasil, evidenciado pela arte, ciência, educação, esporte, gastronomia, moda, música, patrimônio cultural, religiosidade, economia, entre outros. Busca também, incentivar o empreendedorismo e troca de saberes.

Histórico: Lançada em maio de 2013, a Feira da Cara Preta têm sido realizada em momentos e espaços propícios ao debate e a reflexão crítica. Em sua primeira edição, entre 14 e 18 de maio de 2013, promoveu uma série de atividades sobre a situação da população negra após a assinatura da Lei Áurea, em 13 de maio de 1888. “Como ficaram os negros a partir do dia 14 até os dias atuais?” foi a pergunta que perpassou todos os espaços da primeira realização da Feira. Na segunda edição, na cidade de Rio Grande/RS, a proposta foi o debate sobre a situação social nas periferias urbanas. Agora, na terceira edição, de volta à Pelotas/RS, a proposta é pensar o lugar do negro na história gaúcha, haja vista que o imaginário construído da Revolução Farroupilha privilegia o homem branco e heróico, restando ao negro a marginalização na história ou espaço mítico, não real.

Objetivo: A Feira da Cara Preta surgiu da necessidade de reunir, em um mesmo lugar, as diversas manifestações da temática afro-brasileira. Desde sua primeira edição, está fundamentada em cinco princípios basilares:
1. Gerar trabalho e renda.
2. Incentivar o empreendedorismo.
3. Dar conhecimento e acesso à cultura afro-brasileira em todas as suas dimensões e manifestações.
4. Valorizar a contribuição efetiva da população negra na construção e desenvolvimento da região do país.
5. Mostrar a riqueza da cultura afro-brasileira.

 

ATIVIDADES
A III Feira da Cara Preta está planejada para acontecer em dois espaços: a céu aberto, no beco entre a Bibliotheca e o HSBC; e interno, nas dependências da própria BPP. Nesses locais, bancas, oficinas, exposições e atividades culturais e esportivas estarão organizadas da seguinte forma:
AÇÃO CULTURAL – promoção de espetáculos musicais, teatrais e de dança.
ARTESANATO – espaço destinado a exposição e comercialização de artigos manufaturados, como colares, bonecas, tapetes, brincos, colares, tiaras e pulseiras.
ARTISTAS NEGROS – exposição de artes visuais, esculturas, instalações e outras obras artísticas produzidas por artistas locais com temáticas diversas e em diferentes formatos.
CONTAÇÃO DE HISTÓRIAS – espaço destinado à contação de histórias, lendas e relatos memoriais, especialmente dedicado ao público infanto-juvenil.
ESCAMBO – atividades de trocas de bens poderão ser desenvolvidas dentro da Feira com a condução e supervisão dos organizadores.
ESPORTE – organização de práticas esportivas, como basquete de rua.
GASTRONOMIA – espaço para apresentação, introdução e comercialização de comidas típicas da cozinha africana, além de exposição de pilões e outros utensílios gastronômicos.
GRIÔS – mestre da comunidade negra que preservam a transmissão saberes de geração para geração através da tradição oral.
LITERATURA NEGRA – espaço com livros publicados sobre a temática afro e afro-brasileira, oferecidos e comercializados por livrarias, distribuidoras e editoras locais ou regionais.
MEMÓRIA NEGRA DE PELOTAS – exposição de documentos, jornais antigos (O Alvorada), materiais sobre compra e venda de escravos, fundação de clubes sociais negros e outros que se mostrarem relevantes para a divulgação, debate e reavivamento da memória negra de Pelotas e região.
OFICINAS – atividades organizadas e sistematizadas que reúnem a promoção de algum saber de origem afro.
RELIGIOSIDADE – a Feira reserva espaço para a religiosidade de matriz africana.
VESTUÁRIO – espaço para apresentação, introdução e comercialização de têxteis influenciados pela moda africana, como roupas, calçados, batas e calças.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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